Você tinha razão: honestidade intelectual e falibilidade na prática
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Há menos de cinco anos, eu comecei a fazer ativamente o que muita gente recomenda da boca pra fora: ler e considerar calmamente as ideias de quem eu considerava defensor do exato oposto do que eu defendia. Não tenho total crédito por isso: colecionei amigos que estão dispostos a seguir o coelho para dentro da toca, muitas vezes mais que eu, e que puxaram o meu pé antes de entrar, me derrubando das minhas posições confortáveis e crenças sem mínima justificação. Vamos sair do campo abstrato: eu era um típico membro da dita "esquerda progressista". Co-fundador de uma das associações secularistas/ateias mais conhecidas da América Latina. Ousado defensor de tudo o que me parecesse verdadeiro e fosse impopular. (Talvez isso tenha a ver com a minha homossexualidade, que impôs uma necessidade de não ser o que queriam que eu fosse, e há tanto um lado bom quanto um lado ruim nisso.) Quando atraí a atenção de milhares de pessoas com uma resposta cientificamente embasada ao Silas Malafaia (da qual me orgulho), deixei claro nas redes sociais: "sou feminista, defendo o direito ao aborto, defendo os direitos dos LGBT, denuncio o racismo", etc. Não se empolguem nem temam pela conclusão desse parágrafo: em certos sentidos, ainda sou tudo isso, mas agora com mais vergonha de sinalizar virtudes, um dos males dos nossos tempos: muita sinalização, pouco trabalho. Claro, já não uso nem recomendo usar o termo "feminista": na maioria dos casos, é uma coisa tola, pois ao adotá-lo você já está botando o foco em você mesmo(a), em vez de no diagnóstico do problema e prescrição cuidadosa e crítica das soluções (sem falar em propagar falsos problemas com estatísticas sem fonte, que são fofocas matemáticas). E, ao fazer isso, você está convidando seus instintos mais primitivos de lealdade a
Você tinha razão: honestidade intelectual e falibilidade na prática
Você tinha razão: honestidade intelectual e…
Você tinha razão: honestidade intelectual e falibilidade na prática
Há menos de cinco anos, eu comecei a fazer ativamente o que muita gente recomenda da boca pra fora: ler e considerar calmamente as ideias de quem eu considerava defensor do exato oposto do que eu defendia. Não tenho total crédito por isso: colecionei amigos que estão dispostos a seguir o coelho para dentro da toca, muitas vezes mais que eu, e que puxaram o meu pé antes de entrar, me derrubando das minhas posições confortáveis e crenças sem mínima justificação. Vamos sair do campo abstrato: eu era um típico membro da dita "esquerda progressista". Co-fundador de uma das associações secularistas/ateias mais conhecidas da América Latina. Ousado defensor de tudo o que me parecesse verdadeiro e fosse impopular. (Talvez isso tenha a ver com a minha homossexualidade, que impôs uma necessidade de não ser o que queriam que eu fosse, e há tanto um lado bom quanto um lado ruim nisso.) Quando atraí a atenção de milhares de pessoas com uma resposta cientificamente embasada ao Silas Malafaia (da qual me orgulho), deixei claro nas redes sociais: "sou feminista, defendo o direito ao aborto, defendo os direitos dos LGBT, denuncio o racismo", etc. Não se empolguem nem temam pela conclusão desse parágrafo: em certos sentidos, ainda sou tudo isso, mas agora com mais vergonha de sinalizar virtudes, um dos males dos nossos tempos: muita sinalização, pouco trabalho. Claro, já não uso nem recomendo usar o termo "feminista": na maioria dos casos, é uma coisa tola, pois ao adotá-lo você já está botando o foco em você mesmo(a), em vez de no diagnóstico do problema e prescrição cuidadosa e crítica das soluções (sem falar em propagar falsos problemas com estatísticas sem fonte, que são fofocas matemáticas). E, ao fazer isso, você está convidando seus instintos mais primitivos de lealdade a