Miguel Nicolelis e o “sabe com quem está falando?”
www.elivieira.com
Ao contrário do que dita a opinião popular, a ciência não depende de grandes gênios. Eles são raridades na História, servem de catalizadores e trampolins para grandes avanços, mas o progresso aconteceria da mesma forma sem eles - só levaria mais tempo. No caso de Newton, por exemplo, não acho que o progresso teria se atrasado muito se ele não tivesse existido. Temos evidência não apenas de descoberta independente do Cálculo (por Leibniz), como de que vários cientistas da época já estavam pensando em alguma força inversamente proporcional ao quadrado da distância entre os corpos sobre os quais atua, como funciona a força da gravitação universal. O mesmo vale para Darwin. Alfred Russel Wallace descobriu independentemente a evolução pela seleção natural, mesmo embora não tivesse as mesmas virtudes de Darwin, que basicamente consistiam em trabalho duro e exaustivo (obsessivo até) e criteriosa e paciente ("painstaking" como se diz na terra dele) persuasão argumentativa. São só dois exemplos de figuras importantíssimas e admiráveis da ciência sem as quais nós teríamos uma ciência não muito diferente (em termos do conteúdo das teorias) da que temos hoje. Isso está em franco contraste com várias culturas ao redor do mundo em que as pessoas têm mania de louvar autoridades individuais. No Brasil, por exemplo, magnatas como Eike Batista são louvados pelo simples fato de acumularem sozinhos um enorme poder. Parece-me que o ótimo cientista Miguel Nicolelis está acumulando sobre si esta figura cultural de "magnata" ou "coronel" ("doutor" no sentido tradicional) ao receber 33 milhões de dinheiro público para fazer um espetáculo midiático e ufanista (onde melhor que na abertura da Copa?) de um método experimental para aliviar os problemas da tetraplegia. (Ver
Miguel Nicolelis e o “sabe com quem está falando?”
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Miguel Nicolelis e o “sabe com quem está falando?”
Ao contrário do que dita a opinião popular, a ciência não depende de grandes gênios. Eles são raridades na História, servem de catalizadores e trampolins para grandes avanços, mas o progresso aconteceria da mesma forma sem eles - só levaria mais tempo. No caso de Newton, por exemplo, não acho que o progresso teria se atrasado muito se ele não tivesse existido. Temos evidência não apenas de descoberta independente do Cálculo (por Leibniz), como de que vários cientistas da época já estavam pensando em alguma força inversamente proporcional ao quadrado da distância entre os corpos sobre os quais atua, como funciona a força da gravitação universal. O mesmo vale para Darwin. Alfred Russel Wallace descobriu independentemente a evolução pela seleção natural, mesmo embora não tivesse as mesmas virtudes de Darwin, que basicamente consistiam em trabalho duro e exaustivo (obsessivo até) e criteriosa e paciente ("painstaking" como se diz na terra dele) persuasão argumentativa. São só dois exemplos de figuras importantíssimas e admiráveis da ciência sem as quais nós teríamos uma ciência não muito diferente (em termos do conteúdo das teorias) da que temos hoje. Isso está em franco contraste com várias culturas ao redor do mundo em que as pessoas têm mania de louvar autoridades individuais. No Brasil, por exemplo, magnatas como Eike Batista são louvados pelo simples fato de acumularem sozinhos um enorme poder. Parece-me que o ótimo cientista Miguel Nicolelis está acumulando sobre si esta figura cultural de "magnata" ou "coronel" ("doutor" no sentido tradicional) ao receber 33 milhões de dinheiro público para fazer um espetáculo midiático e ufanista (onde melhor que na abertura da Copa?) de um método experimental para aliviar os problemas da tetraplegia. (Ver