Cristianismo: falso e corrupto
Faço uso de meu direito de livre expressão para defender abaixo, o mais sucintamente possível, duas teses sobre o cristianismo: de que é epistemologicamente falso e moralmente corrupto.
Epistemologicamente falso,
porque alega que o universo foi produzido pela mente de um fantasmão amorfo externo ao universo, que especialistas como Leonard Mlodinow e Stephen Hawking dizem ser absolutamente desnecessário para ter uma perspectiva hipotética plausível da origem deste universo. Posso citar também Victor J. Stenger e - por que não - até Pierre-Simon Laplace séculos atrás, que disse a Napoleão que não necessitava de deus algum para explicar a mecânica celeste (a que ele melhorou a partir do trabalho de Isaac Newton, que conscientemente abandonou a ciência para se dedicar ao misticismo no começo de sua terceira década de vida).
É curioso que o suposto todo-poderoso do cristianismo seja todo impotente dentro de uma perspectiva racional de compreensão do universo.
E não é só isso... o cristianismo faz mais um sem-número de alegações extraordinárias sobre o mundo, para as quais implora que baixemos os requisitos céticos que aplicamos às alegações extraordinárias dos xamãs e videntes dos oráculos de outras tradições culturais. Não podemos aceitar Ganesha com sua ridícula tromba de elefante, mas temos que aceitar um judeu levantando da tumba depois de sangrar e apodrecer durante três dias inteiros. Não podemos aceitar a montanha faminta do povo Aymara, mas temos que aceitar mundos mágicos em que os "justos" gozarão do gáudio eterno de bajular o tal fantasmão amorfo.
Não há base alguma, comum a qualquer mente não assolada por doutrinação anticrítica com custo emocional, que estabeleça as alegações fundamentais do cristianismo sobre seu Deus e seu homem ressurgido, Jesus, acima das alegações dos muçulmanos sobre Maomé viajar num cavalo voador.
Moralmente corrupto,
porque está estacionado na ideia anti-humanista de que é bom e belo que Jesus, presumido inocente, pague por crimes de outrem: no caso, o resto da humanidade. Este ponto jamais arredará das concepções dominantes de cristianismo. A corrupção moral do cristianismo é evidente, também, em sua plasticidade extraordinária durante a História, servindo aos justos mas também aos escravocratas, misóginos, racistas, violentos, homofóbicos e sectários das mais diversas estirpes culturais; o que comicamente contrasta com sua alegação de estar trazendo consolação aos aflitos. Corrupção moral também é o nome que se dá ao comportamento de intolerância à crítica, tomando qualquer menor questionamento sobre suas alegações insubstanciosas sobre o universo como uma grave ofensa ou crime, expondo seus críticos honestos a uma horda de doutrinados com sede de linchamento moral. Como o deísta Voltaire, viro a cara diante do símbolo horrível da cruz, que deixa conspícua a inclinação do cristianismo de se comportar como um culto à morte enquanto alega ser preocupado com a vida. Repudio também a noção de amor castrado que chamam de ágape, que nada mais é que uma falsa panaceia para o indivíduo. Por todas as luzes que iluminaram nossa espécie nestes 200 mil anos de existência, digo que jamais responderei ao cristianismo usando de seu expediente frequente de apelo à irracionalidade e à força. Minha pena está em riste, mas não preciso de espada alguma, que o mesmo Jesus diz ter vindo para trazer. Vim para trazer a pena, e estou preparado para compartilhar uma sociedade com pessoas que se subscrevem a tal sistema moralmente corrupto e falso, lutando apenas pelo direito de ter espaço nesta sociedade e usar da habilidade crítica e racional que milhões de anos de sofrimento evolutivo deram de presente à humanidade e o cristianismo insiste em não usar. Eu perdoo a meus entes queridos cristãos por seu cristianismo, e, se eles praticam o que pregam, me perdoarão por meu humanismo secular, ainda que na minha opinião devessem louvá-lo em coro comigo. Estou disposto também a colaborar, inclusive intimamente, com qualquer cristão, porque para mim pessoas antecedem suas ideias. Bem-aventuradas são as pessoas, pois são mais importantes que as ideias falsas e corruptas que frequentemente trazem consigo.